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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O Valor de uma infância

Sofrimento das crianças na Siria.


A ONU reconhece o dia 20 de novembro como o Dia Mundial da Criança, por ser a data em que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos da Criança em 1959 e a Convenção dos Direitos da Criança em 1989.

No Brasil no ano de 1924, o deputado federal Galdino do Valle Filho teve a ideia de "criar" o dia das crianças. Os deputados aprovaram e o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924. Mas somente em 1960, quando a Fábrica de Brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a "Semana do Bebê Robusto" e aumentar suas vendas, é que a data passou a ser comemorada. A estratégia deu certo, pois desde então o dia das Crianças é comemorado com muitos presentes. Logo depois, outras empresas decidiram criar a Semana da Criança, para aumentar as vendas. No ano seguinte, os fabricantes de brinquedos decidiram escolher um único dia para a promoção e fizeram ressurgir o antigo decreto. A partir daí, o dia 12 de outubro se tornou uma data importante para o setor de brinquedos e doces no Brasil.

Todos os anos, a mídia que  é preparada para estimular as compras no dia das crianças , é feita de forma bem intensiva e apelativa, para que através do estimulo do desejo do consumo pelas crianças , forcem os pais a irem as compras e gastarem o máximo possível e as empresas possam ter um faturamento satisfatorio.
Mas toda euforia consumista, e a alegria de milhões de crianças, acaba ofuscando uma realidade muito triste não só no Brasil mais em todo o mundo, como demostra Instituto de Estatística da UNESCO, que 24 milhões de crianças no mundo, nunca passarão em uma escola; como também dados confirmam que entre 2011 e 2013 cresceu o numero de crianças fora da escola, sendo que em 2013, 124 milhões de crianças e adolescentesentre 6 e 15 anos de idade não estavam estudando, sendo dois milhões a mais que em 2011.
Mesmo com o esforço internacional para alcançar as metas de universalização do ensino, para pode alcançado um ensino médio de qualidade até 2030, os países doadores de recursos deveriam aumentar em 500% as doações, pois só para universalizar as matriculas dos pré-adolescentes com 12 anos, seria necessário US$ 39 bilhões de dólares.

59 milhões de crianças com idade para cursar o ensino fundamental( entre 6 e 11 anos) não frequentavam a escola em 2013; sendo trinta milhões na africa subsaariana e 10 milhões no sul e sudoeste da Asia; sendo as meninas as mais prejudicadas, especialmente nesta região onde 80% dessas meninas tem pouca possibilidade de chegar a começar a frequentar uma escola.

Também os conflitos regionais, como por exemplo na Síria, tem impactado a vida escolar das crianças; pois a Síria tinha alcançado a universalização da educação primaria no ano de 2000, mas com a guerra civil, o numero de crianças e adolescentes fora da escola aumentou de 300 mil em 2011, para 1,8 milhões no final de 2013.

Segundo o UNICEF, 15 milhões de crianças foram afetadas pela violência, sendo mortas, sequestradas, estupradas, torturadas, recrutadas para guerras, como também se tornaram órfãos, ou foram vendidas e escravizadas, ou tiveram que abandonar suas casas e cidades.
Estima-se que 230 milhões de crianças viviam em áreas afetadas por conflitos armados, onde 35 ataques a escolas, levaram a morte de 105 crianças e deixaram quase 300 feridos.

O surto de ebola na africa ocidental afetou o bem estar, e a epidemia já deixou milhares de crianças órfãos, além de impedir 5 milhões de crianças de frequentar a escola.

No Brasil, em 2010, cerca de 250 mil crianças estavam na prostituição, e em 2014 o disque 100, o canal de denúncias de violações de direitos humanos, recebeu mais de 91.342 registros de casos de negligência, violência psicológica, física e sexual; sendo que temos 59,7 milhões de crianças e adolescentes, que equivale a população do Chile e da Argentina; tendo entre 1990 e 2012, segundo o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade infantil caiu  de 68,4% , chegando a 14,9 mortes para cada mil crianças que nascem, mas tendo as crianças endiginas duas vezes mais chances de morrer antes de completar um ano de idade.

600 mil crianças não possuem certidão de nascimento, maioria vivendo em regiões isoladas, principalmente no norte e nordeste do Brasil; mesmo assim o percentual de crianças registradas no mesmo ano, aumentou nas ultimas décadas, passando de 66% em 1990, para 95% em 2013; tendo um total de 5,4 mil meninas e meninos, esperando serem adotados, mesmo tendo 33 mil pessoas interessadas em adotar, isso porque a maioria quer crianças de no máximo 5 anos de idade; sendo que também temos 3 milhões de crianças e adolescêntes fora da escola, sendo essa exclusão escolar maior entre a população pobre, negra, indígena ou quilombola, como também temos 1,3 milhões de crianças e adolescentes que ainda são explorados como força de trabalho., e uma média de 29 crianças e adolescentes assassinadas por dia, sendo sua maioria, meninos negros, moradores de áreas metropolitanas das cidades , sendo entre adolescentes negros a taxa de homicídios quatro vezes maior que a entre brancos.

Esses números tem feito várias pessoas migrarem para outras cidades e até países, e estimulado a realização de pesquisas , como a pesquisa contratada pela revista EXAME, que identificou as 100 cidades melhores para uma criança se desenvolver, tendo Florianopolis ocupado o primeiro lugar, e Maceió a 97ª colocação, e Santarém no Pará a ultima colocação.

Enquanto tudo isso acontece no Brasil e no mundo, a previsão para as vendas do dia das crianças no comercio  do Rio Grande do Sul ,é que  deverá movimentar R$ 250 milhões, e no Mato Grosso do Sul R$ 147 milhões; imagine a soma de todos os estados; uma soma que se fosse utilizado através de uma grande mobilização social, apenas uma parte desses gastos, resolveríamos o sofrimento dos milhões de crianças brasileiras, pois acredito que as mudanças , principalmente na qualidade de vidas das crianças, não são apenas responsabilidade dos governos, mais de toda a sociedade.

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