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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Collor e o Plano Real




O Brasil em 1989, sofria com os efeitos de mais de 15 anos de problemas econômicos, causados pela hiperinflação, desemprego, sucateamento do aparato estatal, alta nos gastos públicos e falta de capacidade de competição da industria nacional no mercado internacional, tanto que a inflação acumulada no final de 1989 foi de mais de 1.764%( mil setessentos e sessenta e quatro por cento), e a palavra de ordem era especulação financeira .

Não existia tecnologia de ponta na industria nacional na produção de produtos duráveis e em outras áreas, como também na produção de veículos , apenas três empresas controlavam o mercado brasileiro( Autolatina, que era uma união da Wolkswagen e Ford, com 55% do mercado, seguida por GM 28% e Fiat 10%,) sendo isso em virtude de uma proibição para importação de veículos desde 1976, e as altas taxas de importação dificultava a entrada de outros produtos e tecnologias no país.

Tudo isso atrapalhava o desenvolvimento econômico, tecnológico e os avanços nas ralações internacionais e parcerias comerciais em virtude do Brasil estar fechado para o mundo desenvolvido, pois inexistia a exportação de bens industrializados, pois o Brasil não permitia a importação de vários produtos, e assim os outros países não importavam também do Brasil.

Em 1990 , assumia a presidência da república, Fernando Collor, ex-governador de Alagoas, com uma proposta de liberdade econômica e minima intervenção do estado na economia, e redução dos gastos com a maquina pública, com um programa de privatizações de estatais e crescimento da industria nacional, como na melhoria da qualidade de vida e da renda da população, e com foco na educação com o primeiro projeto de escola em tempo integral, os conhecidos CAICS.

O governo de Collor, iniciou com o retorno do cruzeiro como moeda nacional, em substituição ao cruzado,com ações de impacto como a redução da maquina pública, com a extinção ou fusão de ministérios, assim diminuindo as despesas e gerando possibilidade para investimentos em várias áreas como educação e saúde, mas mesmo assim a inflação ainda assombrava o país, pois estimulava a especulação financeira, e assim se tornava necessário a diminuição do volume de moeda circulante para poder conter a inflação e criar as condições para o desenvolvimento econômico e a estabilização da moeda, tendo então o presidente que tomar a decisão necessária, bloqueado depósitos e aplicações financeiras superiores a Cr$ 50.000,00 (Cinquenta mil cruzeiros), e estabelecendo um limite para saques, tendo essa proposta sido aprovada pelo congresso.

A hiperinflação, era um problema fora de controle a mais de 15 anos, e vários governos já tinham tentado resolver sem ter sucesso, tanto que em um artigo acadêmico, carlos Eduardo Carvalho, professor do Departamento de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e coordenador do Programa de governo da candidatura do PT a presidência da República em 1989, falou que "o confisco já era um tema em debate entre os candidatos a eleição presidencial".

Era uma realidade que o rémedio para o problema seria uma solução amarga, mas que alguém teria que ter coragem para fazer o que era necessário para colocar o país no caminho do desenvolvimento, e isso apenas seria possível com o controle da hiperinflação.

No dia 09 de maio de 1990, o então presidente Fernando Collor, autorizou a importação de automóveis, a qual estava proibida desde 1976, e posteriormente iniciou a redução da alíquota de importação que era de 85% , e foi reduzindo e criando as condições as quais possibilitaram a abertura de mercado para marcas como Honda Civic, Toyota Corrolla e os compactos Peugeot 205, criando condições para  que em 1993 a alíquota fosse  35%, como também eliminou vários protocolos existentes para importações de tecnologias abrindo o Brasil para o mundo desenvolvido.

O combate a especulação financeira foi feito com a criação do fundo de aplicações financeiras administrado pelos bancos e demais instituições financeiras, também com a criação da TR( Taxa referencial de juros)utilizada até hoje para os títulos públicos, financiamentos e empréstimos a longo prazo para investimentos industriais.

Os mecanismos utilizados pelo governo Collor, aliados ao retorno da negociação da divida externa, permitiram o aumento da entrada de recursos externos ao Brasil, preparando o país, mais para frente, para a aplicação do plano real, pois o governo de Fernando Collor, teve papel importante em preparar as condições para que o plano real desse certo.

Em entrevista ao site G1 da Globo, em 29/09/2012, o economista Belluzo, professor da Unicamp, falou que os planos Collor I e II, foi um "mal necessário", pois serviram para conter a hiperinflação e com o inicio das privatizações, redução das taxas de importações, assim criando o caminho para competitividade da industria nacional e a estabilização da economia nos demais governos.

No governo Collor, foi facilitada a entrada de mercadorias, com a redução de impostos sobre produtos importados,foi criado o codigo do consumidor e assinado o tratado de Assunção, que criou o Mercosul,e garantido aos aposentados pelo funrural uma aposentadoria de um salario minimo atravês do INSS, e de uma inflação anual de 1754% em 1990 para 472% no final de 1991 .